Carta Encíclica do Santo Padre Bento XVI

Carta Encíclica do Santo Padre Bento XVI

27/07/2009

O Sumo Pontífice, BENTO XVI, no dia 29 de junho do corrente ano, ao finalizar o Ano Paulino, promulgou uma Nova Encíclica: A CARIDADE NA VERDADE (CARITAS IN VERITATE), destacando em seu preâmbulo o sentido verdadeiro do AMOR, nascido do testemunho de Cristo durante sua vida terrena, mas, especialmente, com sua morte e ressurreição, o qual constitui uma força propulsora do verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade.

O AMOR, síntese de toda vida de Cristo Senhor, faz com que cada pessoa com coragem e generosidade se comprometa com a justiça e a paz ao aderir ao projeto que Deus tem. É sensibilizada e levada a amar a todos, da mesma forma que Deus a amou: “Todos os homens sentem o impulso interior para amar de maneira autêntica: amor e verdade nunca desaparecem de todo neles, porque são a vocação colocada por Deus no coração e na mente de cada homem. Jesus Cristo purifica e liberta das nossas carências humanas a busca do amor e da verdade e desvenda-nos, em plenitude, a iniciativa de amor e o projeto de vida verdadeira que Deus preparou para nós.”

Com efeito, como diz o Santo Padre, a caridade, isto é, o amor, é a viga mestra da doutrina social da Igreja. Eis que esse amor é a substância do relacionamento com Deus e com o próximo: “Para a Igreja — instruída pelo Evangelho —, a caridade é tudo, porque, como ensina S. João (cf. 1 Jo 4, 8.16) e como recordei na minha primeira carta encíclica, « Deus é caridade » (Deus caritas est): da caridade de Deus tudo provém, por ela tudo toma forma, para ela tudo tende.”

Sob outro aspecto, a caridade (o amor) está substancialmente ligada à verdade, pois ela deve ser iluminada pela verdade, da mesma forma que a verdade deve ser iluminada pela caridade: “A verdade há de ser procurada, encontrada e expressa na « economia » da caridade, mas esta por sua vez há de ser compreendida, avaliada e praticada sob a luz da verdade.”

Somente na verdade é que refuge a caridade, e, uma vez compreendida, leva os homens a partilhar e comunicar sua riqueza: “Com efeito, a verdade é « dias » que cria « dia-logos » e, consequentemente, comunicação e comunhão. A verdade, fazendo sair os homens das opiniões e sensações subjetivas, permite-lhes ultrapassar determinações culturais e históricas para se encontrarem na avaliação do valor e substância das coisas.”

Destaca o Papa Bento XVI a supremacia da caridade sobre a justiça, mas esta é o primeiro caminho para a caridade: “Em primeiro lugar, a justiça. Ubi societas, ibi ius: cada sociedade elabora um sistema próprio de justiça. A caridade supera a justiça, porque amar é dar, oferecer ao outro do que é « meu »; mas nunca existe sem a justiça, que induz a dar ao outro o que é « dele », o que lhe pertence em razão do seu ser e do seu agir. Não posso « dar » ao outro do que é meu, sem antes lhe ter dado aquilo que lhe compete por justiça. Quem ama os outros com caridade é, antes de tudo, justo para com eles. A justiça não só não é alheia à caridade, não só não é um caminho alternativo ou paralelo à caridade, mas é « inseparável da caridade » [1], é-lhe intrínseca. A justiça é o primeiro caminho da caridade ou, como chegou a dizer Paulo VI, « a medida mínima » dela [2], parte integrante daquele amor « por ações e em verdade » (1 Jo 3, 18) a que nos exorta o apóstolo João.”

Sua Santidade Paulo VI, ao publicar a encíclica Populorum progressio, em 1967, apresentou como base do progresso dos povos, iluminou o grande tema do desenvolvimento dos povos com o esplendor da verdade e com a luz suave da caridade de Cristo: “É a verdade originária do amor de Deus — graça a nós concedida — que abre ao dom a nossa vida e torna possível esperar num « desenvolvimento do homem todo e de todos os homens » [8], numa passagem « de condições menos humanas a condições mais humanas » [9], que se obtém vencendo as dificuldades que inevitavelmente se encontram ao longo do caminho.”

Após o preâmbulo, do qual pinçamos algumas idéias, Bento XVI, no Capitulo I, faz uma releitura da Carta Encíclica Populorum progressio, bem como da Carta Apostólica Octogesima adveniens, de 1971, enfatizando o ensinamento de Paulo VI, que tratou o tema do sentido da política e do perigo de visões utópicas e ideológicas que prejudicavam a sua qualidade ética e humana. São argumentos estritamente relacionados com o desenvolvimento.

Faz, ainda, referência à encíclica Humanæ vitae, na qual, sublinhado o significado conjuntamente unitivo e procriativo da sexualidade, pondo assim como fundamento da sociedade o casal de esposos, homem e mulher, que se acolhem reciprocamente na distinção e na complementaridade: um casal, portanto, aberto à vida.